quarta-feira, 17 de junho de 2009

CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA


Club de Regatas Vasco da Gama
O Vasco da Gama é mais um daqueles times de futebol do Rio de Janeiro que nasceu antes mesmo de o futebol emplacar por aqui. Nasceu, aliás, para outros fins; para o remo – esse sim popular na época. Naqueles últimos anos do século 19, foi o cansaço por ter que viajar até Niterói todos os finais de semana, para remar no Club Gragoatá, que levou os garotos Henrique Ferreira Monteiro, Luís Antônio Rodrigues, José Alexandre d’Avelar Rodrigues e Manuel Teixeira de Souza Júnior a levar adiante a idéia de montar uma agremiação junto a outros descendentes de portugueses: em 21 de agosto de 1898, levando o nome de um dos heróis da pátria-mãe, foi fundado o Club de Regatas Vasco da Gama.
Durante mais de uma década, o clube se prestou unicamente àquilo que seu nome prometia: regatas. Foi depois que um combinado de jogadores de futebol portugueses veio ao Rio de Janeiro a convite do Botafogo, em 1913, que a colônia passou a se interessar pelo esporte. Criou-se o clube Lusitânia – que só aceitava portugueses legítimos em seus quadros, algo que impedia sua presença na Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA). Após muita negociação, o Vasco absorveu o Lusitânia e, em 26 de novembro de 1915, nasceu o futebol no clube.
Durante anos, os cruzmaltinos (que, aliás, não usam a Cruz de Malta, mas sim a Cruz da Ordem de Cristo) foram coadjuvantes no futebol do Rio de Janeiro. O acesso à primeira divisão chegou em 1922, quando o time de Claudionor e Cardoso Pires derrotou o Carioca por 8 x 3 e levantou seu primeiro troféu, o da Taça Constantino. Não foi uma conquista fortuita: no ano seguinte, o time repleto de operários e de negros – enquanto a maioria dos rivais era de descendentes de europeus – e com um preparo físico muito superior à média da época, desbancou equipes que vinham tendo sucesso, como Fluminense, América, São Cristóvão e o antigo rival de regatas, o Flamengo, e se sagrou campeão em sua primeira participação na primeira divisão, grças aos gols de Cecy e Negrito. Foi naquele ano que os “camisas pretas” instituíram o pagamento de “bicho” – a retribuição por vitórias. Como o futebol era amador e os atletas não podiam receber dinheiro, os portugueses que apostavam nos triunfos vascaínos criaram uma tabela que dava para cada jogador um animal, de acordo com o grau do adversário derrotado: vitória sobre o América valia uma vaca; sobre o Fluminense, duas ovelhas e um porco. No ano seguinte, uma manobra com cara de discriminatória acusou o Vasco de profissionalismo (e suspendeu justamente seus jogadores negros e operários) e de não ter um campo em condições de receber jogos do torneio. O time foi obrigado a disputar o fraco campeonato da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, que venceu com tranqüilidade.
De volta à LMSA no ano seguinte, o Vasco teve a consciência de reconhecer a importância de ter o seu próprio campo de dimensões respeitáveis – coisa que, até hoje, é exclusividade sua no Rio de Janeiro. Uma campanha de arrecadação permitiu que, em 1927, o estádio se tornasse realidade: até a inauguração do Pacaembu, em 1941, aquele seria o maior estádio do País. Crescendo em qualidade e fama dentro de campo outra vez, em 1931 o Vasco se tornou o primeiro clube carioca a ser convidado para uma excursão ao exterior – Portugal e Espanha. Reforçados por Nilo, Carvalho Leite e Benedito (emprestados pelo Botafogo) e Fernando (Fluminense), os vascaínos tiveram tanto sucesso que voltaram sem dois craques: Fausto e Jaguaré, ambos contratados pelo Barcelona. Durante aqueles anos, as várias instituições que regiam (ou pretendiam reger) o futebol do Rio de Janeiro entraram em atrito e, em várias ocasiões, houve mais de um campeonato estadual disputado. A reconciliação geral veio em 1937, quando Vasco e América – cada um até então de uma corrente – comemoraram com o “Clássico da Paz” a criação da Liga de Football do Rio de Janeiro, que juntava todos os clubes médios e grandes.

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