quarta-feira, 17 de junho de 2009

FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE


Figueirense Futebol Clube
Uma barbearia, local dos mais simpáticos e com vocação para ponto de partida de grandes histórias (vide “O Homem Que Não Estava Lá”), foi a sala de reunião para o encontro, em 1921, que decidiu as bases da criação do Figueirense Foot Ball Club - o representante do bairro da Figueira no incipiente cenário do futebol de Florianópolis. Apenas três anos depois, já nascia também a rivalidade com o Avaí: em 24, o alvinegro venceu sua primeira competição estadual – o Torneio Início – com vitória por 1 x 0, com gol de Kowalski, sobre aquele que se tornaria seu maior adversário.
A década de 30 foi o momento de o Figueira definitivamente se colocar no grupo dos melhores times de Santa Catarina. O inédito título estadual conquistado em 32 abriu a porteira: na seqüência dele vieram mais quatro títulos naquela década: o tricampeonato 35-37 e o título de 39. Durante todo esse período, houve um sobrenome que foi praticamente sinônimo do clube. A começar pelo maior ídolo daquela geração, Calico, ou Carlos Moritz – até hoje o jogador que mais vezes vestiu a camisa preta-e-branca. Na decisão do catarinense de 39, uma vitória por 5 x 3 sobre o Ferroviário, Calico foi acompanhado em campo por seus três irmãos: Décio, Nery e Sidney. E, para completar, dois dos presidentes do Figueira naquela década também eram da família: Roberto Moritz e Charles Edgar Moritz.
Tal como havia acontecido em 32, no ano de 41 o Figueirense voltou a conquistar tudo o que podia dentro do Estado: Torneio Início, Campeonato Citadino e o Catarinense. A torcida aproveitou o tempo de glórias dentro do campo e se preparou para um longo período em que a maior preocupação tinha a ver mais com patrimônio e construção civil do que propriamente com futebol. Em 1945, o empresário e então presidente do clube Orlando Scarpelli doou oficialmente ao Figueirense o terreno para a construção de um estádio próprio. No mês de setembro de 48, começaram as obras. Uma ótima notícia, mas que significaria uma longa e tenebrosa espera por dias de glória dentro do campo.
Dizer que, enquanto construía seu estádio, o Figueirense não ganhou nada não é verdade. Mas é fato que os troféus nunca foram além dos Torneios Início e Citadinos. Apesar das campanhas discretas, no estadual de 51 o clube deixou seu nome na história mais uma vez, na partida de inauguração do sistema de iluminação do estádio Adolfo Konder – onde eram disputados os principais jogos do Estado. Com gol de Bráulio, a equipe derrotou o Avaí (e quem mais poderia ser?). Só que todo mundo sabia que, enquanto o estádio não estivesse prontinho, seria difícil brigar por glórias que não fossem assim efêmeras. A primeira inauguração do Orlando Scarpelli foi em 12 de junho de 60, com Figueirense 1 x 1 Clube Atlético Catarinense. Ainda não era tudo o que o clube queria: as obras para expandir e melhorar o estádio seguiram à toda até o início dos anos 70, quando finalmente o alvinegro pôde bater no peito e dizer que tinha uma bela de uma casa própria. Durante mais de 30 anos – entre 41 e 72 -, o clube ficou sem títulos estaduais, mas a causa foi boa. Um jogo festivo contra o Vitória (BA) inaugurou a versão renovada do Scarpelli em agosto de 73, e então já era hora de voltar a levantar troféus.
A quebra do tabu em 72 veio seguida de mais um título, em 74. O Figueira foi também o primeiro time de Santa Catarina a disputar o Campeonato Brasileiro, em 73. E dois anos depois conseguiu uma colocação razoável (21º entre os 42 clubes), graças a bons valores como Toninho Quintino – eleito a revelação daquele Brasileirão. Veio, então, outra fase penosa. Os anos 80 foram quase perdidos para o Figueirense. Apesar de ter começado com dois vice-campeonatos – 82 e 83, com Albeneir como maior estrela – e de seguir com um boa participação na Taça de Prata de 85 (quando chegou ao triangular final), aquela década ainda reservava dificuldades impensadas. O clube chegou a cair para a segunda divisão de Santa Catarina em 87. A principal razão de orgulho passaram a ser as categorias de base, de onde saíram nomes como Valdo, Gersinho, Sérgio Gil, Alaércio, Daniel Frasson e Agnaldo.
Um passo importante até chegar à condição atual veio na década de 90, quando o Figueira conquista a primeira competição sul-americana sediada em Santa Catarina: o Torneio Mercosul de 95 . Diante das oportunidades que começam a se apresentar, entre 97 e 98 surgiu uma proposta de um novo sistema de administração do clube, o Conselho de Gestão.
Cléber e Edmundo brilharam no FigueiraMais organizado e bem-administrado, o Figueira monta uma boa equipe com o retorno de Daniel Frasson, além do meia Júlio César e do atacante Genílson – principal responsável pelo título do Catarinense de 99, do qual foi artilheiro com 26 gols. Logo depois daquela conquista, o Figueirense tomaria ainda mais o formato de clube grande ao inaugurar, em junho de 2000, o seu Centro de Treinamento.
Com tudo isso, porém, o alvinegro ainda era equipe da segunda divisão do Brasil. Por pouco tempo: o vice-campeonato da série B de 2001, conquistado com Jeovânio, William, Fernandes e Gílson Batata, deu a vaga na elite que o clube segura firme até hoje. A boa fama aumentou quando, em 2002, a revista Placar deu ao Orlando Scarpelli o título simbólico de “Caldeirão do Brasil”, como estádio da série A com maior ocupação – 49%. A partir daí, a chegada de grandes nomes, os títulos estaduais e as boas campanhas nos torneios nacionais passaram a ser praxe: já com Edson Bastos como dono da camisa 1, o Figueira conquistou o tricampeonato catarinense entre 2002 e 2004 . Nessa época, vieram três ex-astros do Palmeiras e da Seleção: o zagueiro Cléber, em 2003, e os atacantes Evair (2004) e Edmundo (2005) – até hoje maior contratação da história do clube.
Aos olhos do resto do Brasil, o Figueirense já passara a ser sinônimo do que há de melhor no futebol de Santa Catarina. Em 2006, foi a vez de o Estado não ter dúvida: com uma vitória por 3 x 0 sobre o Joinville, o clube chegou a seu 14º título catarinense e se tornou o maior vencedor do torneio. Na mesma temporada, o grande desempenho de gente como o zagueiro Chicão e principalmente do ataque formado por Schwenk, Cícero e Soares – que somaram 40 gols – levaram o clube à melhor colocação de sua história no Campeonato Brasileiro, o 7º lugar. A base acabou desmontada, mas mesmo assim o Figueira estava pronto para continuar se destacando, e chegou à final da Copa do Brasil de 2007 – que perdeu para o Fluminense. Com uma divisão de base que chegou a seu primeiro título da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2008, fica fácil apostar: o futuro tem tudo para ser ainda mais brilhante para o clube do bairro da Figueira.

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